terça-feira, 27 de março de 2012

DESABAFO DE UM MORADOR DO BAIRRO

Ontem presenciei bestializado o mais baixo nível de imoralidade que o ser humano consegue chegar. Se até então certas atitudes do nosso povo brasileiro me causavam sentimento de vergonha, a partir de hoje diria que é de NOJO.

Tenho uma dúvida muito simples:
...
O prefeito Kassab, autoridade máxima do município, decretou este mês a UTILIDADE PÚBLICA da área total do terreno. Então qual é a razão do seu subordinado justamente da SECRETARIA DO VERDE discutir pela QUARTA VEZ uma utilização privada da área? Acho que no fundo todos sabemos...

A região é extremamente carente de áreas verdes (para não dizer inexistente) já que o mais próximo seria a praça Roosevelt que mesmo após a reforma não passa de uma laje de concreto com floreiras em cima.

Região da Consolação:
-> Imóveis residenciais e comerciais: milhares
-> Parques: ZERO.

Essa área verde de um alqueire, mais do que uma jóia imobiliária aos olhos das construtoras, é uma preciosidade ecológica. E o projeto atual fará com que o Parque não passe de uma pracinha de lazer dos moradores do próprio empreendimento.

A construtora fala: mas iremos construir em apenas 15% do terreno!

E eu digo: se eu entrar com uma metralhadora em um cinema e aniquilar 15% dos presentes serei menos criminoso? Se descobrirmos que a prefeitura desvia 15% da arrecadação eles serão menos corruptos?

A audiência de ontem foi uma completa fraude, o que deveria ser uma reunião democrática para ouvir os moradores do bairro foi na verdade um circo patético onde 90% dos presentes eram funcionários da construtora ou corretores convidados, trazidos de ônibus para o local.

Por aí percebe-se o mau-caratismo de quem está prometendo a solução de todos os males do bairro.

Fabio Canova de Souza , morador do bairro.

DESAGRAVO CONTRA O ENCONTRO DENOMINADO AUDIÊNCIA PÚBLICA PELO SECRETÁRIO DO VERDE E DE MEIO AMBIENTE.

Os Moradores da região de Cerqueira César, em especial os moradores do entorno do PARQUE AUGUSTA lamentam profundamente a forma com que foi conduzida o “espetáculo” e acrescenta que:

1) – FALOU-SE EM DEMOCRACIA mas a Sociedade civil organizada não teve tempo para falar o que deveria;
...
2) – Os EMPREENDEDORES IMOBILIÁRIOS trouxeram mais de 400 funcionários, que cegamente aplaudiam o empreendimento;

3) – OS EMPREENDEDORES mostraram a volúpia cega da vontade de ganhar a qualquer custo, ainda que a custa das perdas ambientais irreparáveis;

4) – Os EMPREENDEDORES tiveram a ousadia de aumentar ainda mais o número de área que pretendem construir – 04 torres;

5) – Os EMPREENDEDORES sem nenhuma timidez apresentam um projeto falando de sustentabilidade, mesmo sabendo que acabarão com o direito CONSTRITUCIONALMENTE ASSEGURADO de que a população tem.

6) – A SECRETARIA DO VERDE ao invés de cobrar o crime ambiental praticado contra o verde existente na área, ainda abre espaço para apresentar projeto contrario aos anseios da população;

7) – O Sr. Prefeito reconheceu a área como de UTILIDADE PÚBLICA E NÃO PODE AGORA CEDE-LA A INTERESSES PRIVADOS.

8) – NÃO AO GREENWASHING!!!!

9) – PELA IMEDIATA IMPLANTAÇÃO DO PARQUE., NA ÁREA INTEGRAL DO TERRENO.

Pelo verde, pela vida!

Célia Marcondes

Opiniões e comentários pós "Audiência"

Aproveito a oportunidade para provocar a discussão dos nossos próximos passos com urgência, visto que pelo que percebemos na "Audiência" o CONPRESP (de 22.03.2012) já havia decidido em prol dos empreendedores, segundo o recado emitido por Eduardo Jorge: "não tenho recursos,... Esse assunto ficará para a próxima gestão.... Aceitem a proposta!".

Tendo em vista o exposto, creio que teremos bons motivos para debatermos:

1) Devemos aceitar a proposta do empreendimento no local, com 82% da área verde, com a promessa de receber o parque à curto prazo? Acho que não, pois estaríamos aceitando um "contrato com cláusulas desconhecida" ou emitindo um "cheque com valor em branco".
2) Devemos continuar lutando para conseguirmos os 100% do imóvel para o parque e podermos repovoar toda a área com a vegetação originária da Mata Atlântica?
Minha opinião é que de forma alguma devemos aceitar uma simples promessa do projeto conforme apresentado. Porém, se obtivermos a transparência e segurança da prevenção ambiental, inclusive do subsolo tendo em vista que lá se encontram uma tubulação da adutora e o córrego Saracura, poderemos abrir um canal de negociação, pois estaremos lutando contra o poder econômico já demonstrado pelos empreendedores.

Estou pensando que nos colocaram "entre a cruz e a caldeirinha". Apenas Eu?

Por isso pecisamos debater com um grupo maior de interessados. Precisamos trazer a população do entorno para o nosso lado, esclarecendo-os a nossa posição e que uma decisão de curto prazo não será interessante tendo em vista as perdas irreparáveis do futuro.

Lembro aos Aliados que na época que estavámos lutando pela reforma da praça, também não tinhamos um grande número de pessoas da comunidade defendendo a idéia da preservação do Pentágono de concreto como espaço cultural. Os burocratas e construtoras uniram-se, aliaram-se ao Viva Centro e impuseram a reforma como pretendiam sob o argumento de que o nosso abaixo assinado do quase 3 mil pessoas não representava a comunidade. Estou "vendo" a reprodução da mesma ação. Portanto, precisamos nos unir, agir racionalmente, e montar uma estratégia de acesso as informações e ao menos evitar o pior e concentrarmos na defesa do meio ambiente ao nosso lado.

Forte abraço!

Antônio Fernandes


Mensagem de Célia Marcondes
Prezados,


Lastimando a apresentação de ontem, sem qualquer possibilidade de manifestação segura, séria e decente, dada a "produção" dos empreendedores, encaminho agora as dicas abaixo para apreciação:


Com relação aos recursos financeiros para a desejada desapropriação do imóvel, cabe observar que não é necessária a utilização de recursos da Secretaria do Verde e Meio Ambiente. Existem outras fontes de recursos públicos relacionados à região, a saber:


a) Programa Pró-Centro – financiamento com recursos advindos de um convênio entre Prefeitura e BID para projetos na região Central.A Praça Roosevelt está sendo reformada com estes recursos. Logo, o argumento de sobre-investimento não é verdadeiro.


b) Operação Urbana Centro – esta operação urbana busca incentivar o desenvolvimento da região Central através de diversos projetos de melhoria das estruturas e infra estrutura urbanas locais. Dentre outras fontes de recursos previstas para a implantação dos projetos, está a promoção do adensamento através de novos empreendimentos concedendo a utilização de potencial construtivo acima do previsto pela Lei de Uso e Ocupação do Solo mediante contrapartidas financeiras. Até o 31 de dezembro de 2011 havia no caixa da Operação Urbana Centro R$ 26.942.462,34. Cabe ressaltar que o empreendimento “Ca’d’Oro, lindeiro ao imóvel em questão, contribui com a maior parte desse montante. Cabe ainda colocar que este mesmo referido imóvel está dentro do perímetro da Operação Urbana Centro.


c) Outorga Onerosa – é um instrumento que concede a utilização do potencial construtivo máximo permitido pela Lei de Uso e Ocupação do Solo mediante o pagamento de contrapartida financeira a ser destinada para a melhoria das estruturas e infra estrutura urbanas, tornado-as aptas a receber adensamento. Até fevereiro de 2012, no distrito da Consolação, haviam sido aproveitados cerca de 72 424 m², resultando em cerca de mais de R$ 36 milhões de reais em receitas a serem aplicadas na região. Além disso, ainda existem, do estoque total existente de 140 000 m², 67 576 m² que resultarão em aproximadamente mais R$ 33 milhões de reais em recursos a serem aplicados na região.


Ora, permitir o adensamento local,onde existe enorme carência de áreas verdes, e não investir em contra-partidas compensatórias deste adensamento é administrativa, urbanistica e ambientalmente irresponsável. Existem recursos disponíveis previstos em lei e já captados para a efetivação imediata dos projetos que darão à região das urgentes condições de suporte urbano.

Célia Marcondes
 
Vejam que qualquer pessoa bem informada, principalmente sobre as suas atividades profissionais têm esse conhecimento. Agora, é muito tarde para reclamarmos, mas temos que escrever: se a SVMA e consequêntemente a Prefeitura de São Paulo e seus dirigentes detinham esse conhecimento, por que não desapropriaram essa área muito antes? Deixo a  pergunta em aberto. A maioria das pessoas, mais ou menos bem informadas, sabem que estamos imersos em uma estafante corrida, do que resta dos recursos naturais e do meio ambiente, contra o tempo e a ganância dos maus empreendedores que a qualquer preço objetivam apenas o lucro fácil, sempre assessorados por "profissionais" tidos como competentes para estes empresários, porém inconsequêntes para nós ambientalistas e para todos nós que procuramos a sustentabilidade e um mundo melhor e digno para as gerações futuras.
 

Aliados e frequentadores do Parque



Algumas pessoas já entenderam e se conscientizaram do significado desta luta por um direito que é nosso, previsto na Constituição: "O Direito ao VERDE". A Organização Mundial de Saúde fixa entre 10 a 15 m² de verde por habitante, como a condição ideal. Estamos muito longe disso, principalmente aqui no Centro, que é de 0,5 m² por habitante.
Por isso, qualquer proposta que tenha em mente destruir uma árvore que seja é um Projeto condenável. Temos que ter como meta a criação do Parque Augusta na totalidade do terreno, isto é, 25 mil m². Não caia na cilada das construtoras que prometem doar à população um parque em troca de construírem espigões e shoppings no local, pois este será o caminho para a destruição deste verde. Mais uma vez a comunidade está sendo ludibriada. Embora já soubesse, tomei conhecimento de uma fonte que trabalha dentro de uma construtora como é o "modus operandi" dessas assassinas do verde. Aprovado o Projeto de construção, elas colocam tapumes ao redor da área e metem 900 homens trabalhando dia e noite e devastam a área. A população move uma ação, tenta embargar a obra, mas a lenta justiça leva 3 meses para agir... Aí, Inês é morta, pois eles não param nestes 3 meses e a obra estará quase completa quando a justiça tomar as providências. Eles recorrem e lá se vão mais alguns anos de batalha judicial. Só que o verde já não existe mais. As árvores centenárias já foram destruídas. E estes exterminadores do futuro apenas pagam multas irrisórias perto do que lucraram.


NÃO CAIAM NA LÁBIA DE CONCORDAREM COM UM BOSQUINHO DE FUNDO DE QUINTAL, EM TROCA DE CONSTRUÍREM ESPIGÕES E SHOPPINGS NESTA ÁREA, POIS PERDEREMOS ESTA GUERRA!
DIGAM SEMPRE NÃO À QUALQUER CONSTRUÇÃO!


Quem esteve presente à 4ª Audiência Pública, no dia 22/03, constatou o que eles são capazes de fazer, a encenação farsesca e o circo que eles são capazes de montar e a pressão assustadora exercida sobre os que defendem o Parque Augusta nos 25 mil m². São bandidos! Hienas famintas!




O que acho mais grave e preocupante nestas propostas é a transferência para a iniciativa privada dos compromissos e obrigações do Estado em proporcionar ao cidadão o direito ao verde, a uma melhor qualidade de vida, saúde e segurança, entre outras coisas fundamentais e essenciais ao indivíduo, como uma boa educação. São direitos constitucionais e os dirigentes estão nos cargos que exercem para proporcionar isso aos cidadãos. Alegar falta de dinheiro é uma afirmação esdrúxula e infundada quando assistimos estupefatos as cifras milionárias envolvidas nos escândalos de corrupção no país com o dinheiro público. Somos o povo que mais paga impostos e a cidade de São Paulo a que mais arrecada impostos, portanto, a mais rica cidade do Brasil. Falta vontade política de investir em projetos benéficos à população desprovida de tudo e roubada, inclusive, de sua própria dignidade.


A POPULAÇÃO UNIDA TEM A FORÇA E O PODER DE ACABAR COM ESTA VELHACARIA ESCANCARADA QUE ASSOLA O NOSSO PAÍS!
NÃO COCHILEM, QUE O CACHIMBO CAI!

Att
Sérgio Carrera

Audiência pública de 22.03.2012

23/03/2012 08h25 - Atualizado em 23/03/2012 08h25
Construtoras querem mudar área tombada para erguer prédios em SP
Empresários pretendem construir em terreno na Rua Augusta. Moradores, porém, pedem criação de um parque no local.
Márcio Pinho Do G1 SP Manifestante protesta durante reunião realizada na quinta (Foto: Márcio Pinho/G1)
As construtoras Setin e Cyrela querem mudar uma resolução do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) para poder construir duas torres acima da altura permitida atualmente em um terreno da Rua Augusta, na região central. Trata-se de uma área verde de 24 mil m², mais de dois campos de futebol, que há décadas é alvo de uma polêmica.
Os moradores querem a construção de um parque em toda a área e o prefeito Gilberto Kassab (PSD) começou a atender o pedido ao decretar a área de utilidade pública em 2008, mas não levou o projeto a cabo. Já o dono da área, o banqueiro Antonio Conde, tenta há anos a construção de empreendimentos em parte do terreno e promete fazer também um parque aberto à população no restante da área.
O terreno fica no quarteirão entre as ruas Caio Prado e Marquês de Paranaguá, e é um dos poucos pontos de vegetação de Mata Atlântica remanescente da cidade. Ali havia um bosque e o antigo Colégio Des Oiseaux, no início do século 20. Cerca de um terço dele abriga um bosque e o tombamento do terreno limita construções a 45 metros de altura - edifício de cerca de 15 andares.

Para a área, as construtoras apresentaram na tarde desta quinta-feira (22) o projeto de construção de duas grandes torres que superariam esse limite previsto no tombamento de 2004. Trata-se da quarta reunião convocada pela Prefeitura para apresentação de projetos para a área. A opção é uma alternativa à já apresentada anteriormente de quatro torres menores, de até 14 andares. Já foi cogitada também a criação de um shopping.
Pelo novo projeto, as construtoras se comprometem a aumentar a área verde aberta ao público de cerca de 66%, pelo projeto anterior, para 82%. As construtoras não informaram a altura do projeto de duas torres.
Um grupo de cerca de 30 moradores compareceu à audiência com faixas protestando contra o projeto, pedindo que Kassab leve adiante a desapropriação do terreno e a criação do parque e que a Câmara Municipal aprove o projeto de criação do equipamento.
Qualidade de vida
Segundo José Augusto Ferraz, morador da região da Rua Augusta, a área tem de ser totalmente transformada em parque. “O Centro não tem áreas verdes, e já tem muitos prédios. Não precisamos mais de concreto, precisamos de qualidade de vida”, afirma.
Os moradores questionam ainda outros prejuízos que as torres poderão trazer à região, como a sombra, a iluminação artificial que pode afetar a fauna e a flora, os lençóis freáticos e a questão do trânsito na região. Eles apresentam um abaixo-assinado com 25 mil assinaturas.
Para Antonio Setin, da construtora Setin, o projeto é o que se chama no meio empresarial de “ganha, ganha, ganha”. Ou seja, ganha quem investe e a população, que terá à disposição um parque dado gratuitamente pelo proprietário numa área hoje que é um bosque. Sem derrubar árvores, ele promete melhorias como pistas de cascalho para praticar corrida. A administração seria do condomínio.
Segundo Setin, o projeto, juntamente com a revitalização da vizinha Praça Roosevelt, irá acabar com a degradação da área e trará mais segurança e qualidade de vida para a população. O empresário afirma ainda que haverá melhorias nas calçadas.
Outros moradores também compareceram ao evento para se manifestar a favor do projeto das construtoras, argumentando principalmente que é uma chance de o parque existir, e que as chances diminuem se for necessário esperar por uma ação da Prefeitura ou por um processo judicial decorrente de uma desapropriação.
Verde
O secretário do Verde e do Meio Ambiente, Eduardo Jorge, que esteve no evento, afirma que a Prefeitura precisa priorizar em suas ações a expansão das áreas verdes e ainda a qualidade da distribuição dessas áreas. Ele argumenta que a região de Parelheiros e Capela do Socorro, na Zona Sul, por exemplo, conta com parques, mas que em 2008 não possuía nenhum.
Segundo ele, em 2005, a cidade tinha 34 parques e hoje tem 81. Alguns deles, no entanto, apenas necessitaram de pequenos investimentos para transformar áreas já verdes em parques. A meta é alcançar 100 até o final do ano.
Ele avalia que a desapropriação dessa área valorizada na Rua Augusta deva consumir R$ 50 milhões dos cofres públicos. A avaliação dos construtores é que a área vale R$ 100 milhões. O secretário, no entanto, descarta que a área seja uma das prioridades para este ano.
O terreno integra um grupo de 50 áreas verdes observadas pela Prefeitura e com potencial para criação de parques apenas na próxima gestão, a partir de 2013.
Sentindo a falta de apoio da Prefeitura, os moradores contrários ao projeto dizem preferir que a área fique como está, sem que seja impermeabilizada, a que tenha a construção de dois espigões.
http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2012/03/construtoras-querem-mudar-area-tombada-para-erguer-predios-em-sp.html